
Em novembro de 2025, os saques nas contas de poupança superaram os depósitos em R$ 2,857 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC)[1][3]. Durante o mês, a quantia total retirada alcançou R$ 344,6 bilhões, enquanto os depósitos somaram R$ 342,75 bilhões.
Este resultado representa o quinto mês consecutivo em que a poupança apresenta um saldo negativo. O fenômeno reflete uma tendência crescente de retiradas de recursos pelos brasileiros ao longo deste ano, em um cenário econômico desafiador.
No acumulado do ano, de janeiro a novembro, o saldo da caderneta também permaneceu em território negativo, totalizando R$ 90,978 bilhões. Nesse período, foram realizados depósitos que totalizaram R$ 3,84 trilhões, enquanto os saques somaram R$ 3,93 trilhões, evidenciando uma movimentação muito mais ativa em retiradas[1].
Apesar do saldo negativo nas movimentações, a poupança rendeu R$ 69,498 bilhões em juros ao longo de 2025, elevando o estoque total aplicado na caderneta para R$ 1,010 trilhão[5]. Essa situação revela um paradoxo, onde, mesmo sendo uma fonte de rendimento, a poupança tem enfrentado uma diminuição em sua atratividade como opção de investimento entre os brasileiros, levando à saída de capital.
Analistas destacam que a situação atual pode ser atribuída a diferentes fatores, como a inflação contínua e as taxas de juros elevadas, que incentivam os consumidores a retirar seus fundos da poupança e investir em outras opções que ofereçam rendimentos mais competitivos ou que atendam a necessidades imediatas de liquidez.
Ao olhar para segmentos específicos, o crédito imobiliário, regido pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), também apresentou dados que reforçam essa tendência. Em novembro, os depósitos no SBPE foram de R$ 296,6 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 297,2 bilhões, resultando em uma diferença negativa de R$ 519,4 bilhões[1]. O acumulado de 2025 mostra uma queda expressiva de R$ 67,46 bilhões nesse segmento.
Além disso, o crédito rural também vivenciou movimentos semelhantes. Os depósitos no segmento alcançaram R$ 45,14 bilhões em novembro, mas as retiradas foram maiores, totalizando R$ 47,48 bilhões, o que representa uma diferença negativa de R$ 2,33 bilhões[1]. No total do ano, estas retiradas superaram em R$ 23,51 bilhões os depósitos, revelando um padrão de comportamento de resgate por parte dos produtores ao longo do tempo.[1]
Os dados ressaltam que, mesmo com a significante rentabilidade, a caderneta de poupança continua a sofrer um desbalanceamento na relação entre depósitos e saques. O aumento da busca por investimentos alternativos e o impacto das condições econômicas do país são fatores que devem ser observados nos próximos meses, conforme os analistas avaliam os possíveis desdobramentos desses movimentos no mercado financeiro.
À medida que o Brasil se aproxima do fim de mais um ano, a expectativa é de que os consumidores continuem avaliando suas opções de investimento, especialmente em um cenário onde a confiança no sistema financeiro e nas tradicionais cadernetas de poupança vem sendo desafiada. O comportamento dos brasileiros em relação ao dinheiro continuará a ser um indicador importante da saúde econômica do país.