
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na terça-feira (2 de dezembro de 2025), a Operação Má Conduta, uma ação voltada a coibir tentativas de interferência em um inquérito que apura fraudes previdenciárias. A operação representa um desdobramento direto da Operação Átropos, deflagrada em outubro, que havia revelado um esquema envolvendo um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e advogados, responsável por causar um prejuízo estimado em quase R$ 1,1 milhão aos cofres públicos.
Durante a operação, a PF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Real do Colégio, em Alagoas, e Aracaju, em Sergipe. O grupo investigado é suspeito de forjar documentos, manipular benefícios e burlar sistemas internos da autarquia, configurando uma complexa rede de fraudes que impacta diretamente a confiança nas instituições previdenciárias.
Após a primeira fase da investigação, surgiram indícios de que alguns dos investigados passaram a pressionar testemunhas com o objetivo de alterar relatos já prestados. As tentativas incluíam orientações explícitas para que pessoas ligadas ao caso mentissem ou omitissem fatos, o que levantou alerta para risco de obstrução de justiça. A PF destaca que a coação de testemunhas é uma prática ilegal e inaceitável, que pode resultar em penalizações severas para os envolvidos.
As diligências realizadas têm como objetivo preservar a integridade da investigação, garantir a segurança das testemunhas e impedir que novas tentativas de manipulação do inquérito ocorram. O trabalho do INSS e da PF é fundamental para combater fraudes que comprometem a previdência social e que, muitas vezes, atingem os mais vulneráveis, que necessitam do suporte do sistema previdenciário.
O esquema fraudulento identificado na Operação Átropos envolvia a produção de documentação falsa, alteração de dados cadastrais e inclusive a falsificação de assinaturas em processos administrativos. Esse tipo de crime não apenas lesa os cofres públicos, mas também prejudica aqueles que realmente necessitam dos benefícios sociais.
A Operação Má Conduta ocorre em um momento em que a sociedade brasileira questiona a eficácia dos mecanismos de fiscalização e controle sobre irregularidades no INSS, especialmente após sucessivas operações que revelaram fraudes em grande escala. De acordo com informações da PF, outras fases da operação estão previstas, com o intuito de desmantelar completamente as redes criminosas que atuam neste setor.
A investigação também leva em conta a saúde financeira do INSS, que já enfrenta desafios em garantir a sustentabilidade dos benefícios aos segurados. Com a atual situação econômica do país, fraudes desse tipo trazem um ônus adicional ao erário, comprometendo o pagamento de benefícios a cidadãos que contribuem de forma honesta para a previdência.
Além da questão financeira, a obstrução da justiça durante investigações de fraudes representa um sério ataque à democracia e à legalidade. A sociedade civil e as instituições precisam estar atentas às ações de coação e manipulação, que podem enfraquecer os esforços de combate à corrupção.
Diante desse cenário, a expectativa é que a PF e o Ministério Público Federal (MPF) ampliem a transparência das operações e reforcem a comunicação com a população, apresentando resultados efetivos e reforçando a confiança no sistema de justiça e previdência social.
Por fim, enquanto a Operação Má Conduta avança, a sociedade aguarda também por reformas mais abrangentes e eficientes que inibam práticas fraudulentas e garantam a proteção dos direitos de todos os cidadãos perante as instituições de previdência no país.