
O estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que a população jovem apresenta o maior risco de suicídio no Brasil, com uma taxa de 31,2 suicídios para cada 100 mil habitantes, superior à taxa geral da população, que é de 24,7 por 100 mil habitantes. Entre os jovens homens, esse risco aumenta para 36,8 por 100 mil habitantes, e o grupo mais vulnerável são os jovens indígenas, que apresentam uma taxa alarmante de 62,7 suicídios por 100 mil habitantes, chegando a 107,9 para homens indígenas entre 20 e 24 anos.
Além disso, o relatório destaca que o suicídio é a segunda maior causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos no Brasil, e a quarta entre jovens de 20 a 29 anos. Entre 2000 e 2022, houve um aumento mais acelerado da taxa de suicídio entre adolescentes (10 a 19 anos) do que entre jovens adultos, com um crescimento da probabilidade de suicídio de 21% maior nessa faixa etária mais jovem.
O estudo indica ainda que o atendimento em saúde mental para os jovens é insuficiente, com apenas 11,3% dos atendimentos sendo direcionados à saúde mental, enquanto na população geral essa proporção é quase o dobro, atingindo 24,3%. Tal dado é alarmante, considerando que o bem-estar mental é essencial para o desenvolvimento e qualidade de vida dos jovens.
Entre as causas apontadas para esse elevado risco estão questões econômicas, sociais e políticas, como falta de perspectiva de futuro, desemprego e incertezas no mercado de trabalho, que impactam fortemente os adolescentes e jovens. A Fiocruz recomenda que o suicídio entre jovens deve ser tratado como um problema social e de saúde pública, necessitando de políticas focadas na promoção da saúde e prevenção adequadas para esse grupo.
Os dados evidenciam não apenas um problema de saúde, mas também um reflexo da sociedade contemporânea, onde jovens se sentem cada vez mais pressionados por um ambiente adverso. Estratégias efetivas e voltadas à saúde mental, incluindo campanhas de conscientização e apoio psicológico, são fundamentais para reduzir esse cenário preocupante.
Em suma, a população jovem no Brasil, especialmente os jovens indígenas e homens de 20 a 24 anos, está em risco crescente de suicídio. Esse problema complexo e multifatorial exige a atenção urgente de políticos, profissionais da saúde e da sociedade como um todo para garantir um futuro mais seguro e saudável para as próximas gerações. O desafio é grande, mas a implementação de políticas públicas eficazes e a promoção do diálogo sobre saúde mental podem contribuir significativamente para a reversão desse quadro preocupante.