
A defesa do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, negou que ele tenha realizado monitoramento ilegal do ministro Alexandre de Moraes, conforme acusações levantadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A afirmativa foi apresentada em uma sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que aprecia o caso de Câmara e outros réus envolvidos em um suposto plano golpista.
O advogado de defesa, Luiz Eduardo Kuntz, argumentou que Câmara possuía unicamente funções administrativas e que as alegações referentes ao monitoramento de Moraes derivaram de pesquisas realizadas a partir de fontes abertas. De acordo com a defesa, estas ações foram solicitadas por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator, e não foram realizadas com conhecimento de práticas ilícitas. A defesa reafirmou que não houve participação de Câmara em quaisquer operações clandestinas, incluindo o denominado plano Punhal Verde Amarelo, que visava perpetrar atos criminosos contra figuras de destaque como Moraes, Lula e Geraldo Alckmin.
Marcelo Câmara se encontra preso desde junho de 2025 e enfrenta variados tipos penais, incluindo organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, além de enfrentamentos ao magistrado do STF. A defesa enfatizou que se Câmara tivesse constatação de qualquer ilegalidade nas supostas atividades investigativas, teria adotado medidas para cessá-las.
As declarações do advogado foram feitas em meio a um ambiente de crescente tensão política no Brasil, onde acusações de espionagem e ações ilegais de assessores de autoridades se tornaram um tema recorrente nas discussões nacionais. A situação de Câmara é particularmente complexa, dado o alto perfil das figuras envolvidas e as implicações legais que a continuidade das investigações pode acarretar.
A PGR mantém sua posição sobre a gravidade dos atos imputados a Câmara e outros réus, apontando que o monitoramento de autoridades, especialmente em um cenário político já tumultuado, configura uma violação dos princípios democráticos e das normas jurídicas vigentes no país. A acusação ainda se alicerça no fato de que essas atividades teriam como intento desestabilizar o quadro institucional e a democracia brasileira.
Enquanto isso, a defesa de Câmara segue refutando todas as acusações, buscando minar a credibilidade das investigações conduzidas até o momento e levantar dúvidas sobre a motivação das denúncias. A capacidade do ex-assessor de demonstrar sua inocência diante dos fatos apresentados será crucial não só para sua defesa pessoal, mas também para o desenrolar do caso em um contexto mais amplo.
O julgamento de Marcelo Câmara e dos outros réus continua a ser acompanhado com atenção tanto pela mídia quanto pela população, refletindo a complexidade dos desafios enfrentados pelo sistema de Justiça brasileiro. O desfecho desse caso pode ter repercussões significativas, não apenas sobre os réus, mas também sobre a confiança pública nas instituições e na democracia do país.