
A Câmara dos Deputados do Brasil está prestes a deliberar um tema de significativa importância econômica e social: o Projeto de Lei Complementar (PLP) 125/22, conhecido como o “PL do Devedor Contumaz”. A votação está prevista para esta terça-feira, e o projeto promete instituir regras mais rigorosas para empresas que acumulam dívidas fiscais de maneira reiterada e injustificada.
O PLP 125/22 define o devedor contumaz, em âmbito federal, como aquele que possui dívida tributária superior a R$ 15 milhões e que se configura como superior a 100% do seu patrimônio líquido conhecido. Isso implica que essas empresas estarão sujeitas a restrições severas, como a proibição de usufruir de benefícios fiscais, participar de licitações públicas, firmar contratos com a administração pública ou propor recuperação judicial. Essas medidas objetivam garantir um tratamento mais justo às empresas que cumprem com suas obrigações fiscais.
Além disso, o projeto incorpora um rito simplificado para análises administrativas de recursos, visando acelerar decisões que atualmente podem se estender por meses e que impactam a competitividade no mercado. Esta velocidade no processo administrativo é uma das principais mudanças propostas e busca reduzir os prejuízos ao ambiente concorrencial.
Outro aspecto relevante do PLP 125/22 é a sua vertente de combate à fraude fiscal, como evidenciado na operação “Carbono Oculto” da Polícia Federal, que identificou diversas irregularidades. O projeto também propõe a implementação de programas de conformidade tributária, que têm como objetivo premiar os bons pagadores, incentivando, assim, o cumprimento das obrigações tributárias.
O regime de urgência com o qual o PLP 125/22 tramita na Câmara demonstra a prioridade que o governo deseja dar à proposta. Após a votação em dois turnos, caso seja aprovada sem alterações, a proposta seguirá para sanção presidencial, dando início a uma nova era na gestão fiscal das empresas endividadas.
José Guimarães (PT), líder do governo na Câmara, enfatizou a relevância da votação, destacando que a proposta não apenas protege aqueles que cumpram suas responsabilidades fiscais, mas também se propõe a combater a sonegação e promover uma economia mais justa e responsável. A aprovação dessa proposta é vista como essencial para aprimorar a arrecadação e, consequentemente, para a manutenção e o crescimento das políticas públicas no país.
Desta forma, a sessão parlamentar de hoje não apenas colocará em pauta a discussão sobre a fiscalização e as regras para devedores contumazes, mas também levantará questões fundamentais sobre a justiça fiscal e a responsabilidade social das empresas no Brasil. O resultado da votação poderá impactar profundamente o cenário econômico e a relação do Estado com grandes devedores tributários.
Em um contexto onde a luta contra a sonegação fiscal se intensifica, espera-se que a aprovação do PLP 125/22 contribua para um país mais justo, onde as obrigações tributárias sejam respeitadas, promovendo um ambiente de negócios mais ético e sustentável. Assim, a Câmara dos Deputados se posiciona como um ator central na construção de políticas que visem não apenas a arrecadação, mas a equidade nas relações econômicas do Brasil.