Basta ao Feminicídio: O Grito do Levante de Mulheres em São Paulo

No último sábado, 25 de novembro de 2023, centenas de mulheres se reuniram nas ruas de São Paulo para participar do “Levante de Mulheres”, um ato que se transformou em um grito coletivo contra o feminicídio e a cultura de violência de gênero persistente no Brasil. A manifestação, parte das mobilizações globais em prol dos direitos das mulheres, reforçou a urgência de ações concretas para a proteção e dignidade das mulheres em todo o país.

A expressão “Basta ao Feminicídio” ecoou nas ruas, unindo vozes de diferentes origens que exigem uma resposta mais efetiva do governo e das autoridades locais. O feminicídio, definido como o assassinato de mulheres por razões de gênero, é um fenômeno alarmante no Brasil. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, mais de 1.200 mulheres foram vítimas de feminicídio, evidenciando uma tendência preocupante que demanda atenção urgente.

Na mobilização, diversas organizações não governamentais, coletivos feministas e ativistas individuais se uniram, apresentando um apelo claro por justiça. As participantes da manifestação, utilizando camisetas com a frase “Basta!” e cartazes que traziam os nomes de vítimas, pediam não apenas punições mais severas para os agressores, mas também políticas de prevenção que abordem as raízes da violência contra as mulheres.

Durante o ato, oradoras destacaram a importância da educação e da conscientização sobre igualdade de gênero desde a infância, como forma de combater a normalização da violência. Além disso, a saúde mental das sobreviventes de violência foi um tema central, evidenciando a necessidade de suporte psicológico adequado para aquelas que já passaram por experiências traumáticas.

As manifestações do Levante de Mulheres não são um fenômeno isolado. Elas se inserem em um contexto mais amplo de luta por direitos civis e sociais no Brasil e refletem uma crescente insatisfação com a ineficácia das políticas públicas na proteção das mulheres. Estudos indicam que muitos dos homicídios de mulheres não são investigados de forma adequada, e menos de 10% dos casos resultam em condenação, um cenário que perpetua um ciclo de impunidade e violência.

Além de reivindicações especificamente relacionadas ao feminicídio, as mulheres presentes também se manifestaram contra a misoginia institucional, a desigualdade no mercado de trabalho e a falta de acesso a serviços de saúde e educação. As interseccionalidades que compõem a experiência feminina foram amplamente discutidas, reconhecendo que mulheres negras, indígenas e de baixa renda enfrentam ainda mais desafios e vulnerabilidades.

Os organizadores do evento anunciaram que o Levante de Mulheres pretende continuar as mobilizações ao longo do próximo ano, com o objetivo de criar um espaço seguro para todas as mulheres e aumentar a pressão sobre os governantes para que cumpram as promessas de segurança e igualdade. A mensagem clara é que a luta contra o feminicídio não pode ser um ato isolado, mas parte de uma campanha contínua por mudanças estruturais na sociedade.

À medida que o movimento ganha força, é essencial que a sociedade como um todo se una em apoio a ações que possam erradicar a violência de gênero. O grito de “Basta ao Feminicídio” ressoa não apenas por justiça, mas pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as mulheres possam viver sem medo de violência.

À medida que o Brasil se aproxima das eleições municipais de 2024, espera-se que as questões relacionadas ao feminicídio e à proteção dos direitos das mulheres estejam no cerne das discussões políticas. O Levante de Mulheres, com sua determinação e força coletiva, continua a ser uma voz vital na luta por um futuro melhor e mais seguro para todas.

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