Audiência de custódia virtual reduz garantia de direitos, diz estudo

A pesquisa revela preocupações significativas com o formato das audiências de custódia virtuais implementadas no Brasil durante a pandemia de COVID-19. Estas audiências, que visam apresentar rapidamente os detidos a um juiz após a prisão, geram debates sobre o impacto nas garantias legais e direitos humanos dos indivíduos confrontados pela Justiça.

Estudos realizados por diversos especialistas em direito e organizações de direitos humanos indicam que as audiências de custódia virtuais podem comprometer a análise do caso individual, uma vez que a interação física entre o juiz, o réu e os advogados é limitada. A falta de um ambiente físico pode dificultar a construção de um relacionamento e a comunicação, aspectos essenciais em uma audiência quando se discute a liberdade e os direitos do acusado.

Conforme o Código de Processo Penal brasileiro, as audiências de custódia são uma maneira de garantir que ninguém permaneça preso sem supervisão judicial adequada. Entretanto, com a mudança para um formato virtual, fica em questão se os direitos fundamentais dos detidos estão sendo efetivamente respeitados. A pesquisa aponta que defensores públicos e advogados notaram um aumento na dificuldade de acessar as informações necessárias para a defesa durante as audiências online, o que pode levar a decisões precipitadas ou injustas.

Além disso, a desconexão emocional e a falta de elementos visuais que uma audiência presencial proporciona podem impactar o julgamento do juiz sobre a credibilidade do depoimento do réu. Especialistas alertam que isso pode gerar uma sensação de desumanização no processo judicial, onde o detido é visto mais como um número do que como um indivíduo com direitos e histórias de vida. Essa desumanização é criticada por várias entidades que lutam pelos direitos humanos, que ressaltam que cada caso deve ser avaliado em seu contexto e particularidades.

As audiências de custódia virtuais foram inicialmente implementadas como uma solução prática diante das restrições impostas pela pandemia. No entanto, um estudo da Defensoria Pública do Estado de São Paulo revelou que a modalidade virtual contribuiu para um aumento no número de prisões preventivas e uma redução na quantidade de audiências favoráveis aos réus. Isso levanta questões sobre a equidade e a eficácia da justiça em tempos de crise.

Ademais, a crítica ao formato virtual não é unânime. Alguns defensores da tecnologia argumentam que as audiências à distância podem ser uma solução prática para tornar o processo judicial mais ágil, evitando atrasos e superlotação nos tribunais. Contudo, é vital que as autoridades reconsiderem as medidas adoptações para garantir que o direito à defesa e as garantias processuais não sejam subjugados em nome da eficiência.

A discussão sobre a audiência de custódia virtual é um reflexo das tensões presentes na interseção entre tecnologia e direitos humanos. À medida que o sistema judicial se adapta a novos modelos, será crucial encontrar um equilíbrio que preserve a justiça como um pilar fundamental da sociedade.

Com a continuidade das audiências de custódia virtuais, é essencial que legisladores, advogados, e ativistas se unam para discutir e implementar soluções que permitam a ambos os processos legais e a proteção dos direitos fundamentais do indivíduo. A integridade do sistema de justiça depende dessa vigilância contínua e da disposição para aprimorar as ferramentas utilizadas em prol da justiça.

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