
Entidades do Distrito Federal (DF) reagiram ao anúncio de paralisação dos caminhoneiros com preocupação e ceticismo sobre a adesão e os objetivos do movimento. Enquanto a chamada paralisação está marcada para esta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, lideranças e entidades locais demonstram dúvidas quanto à força do movimento, especialmente devido à divisão dentro da categoria e ao receio de que o protesto tenha fins político-partidários.
O presidente de um sindicato no DF afirmou que, apesar de estar preocupado, ainda não observou sinais de organização ampla semelhante à greve de 2018, que teve forte impacto na região. Segundo ele, se grandes transportadoras aderirem, a paralisação poderá paralisar o setor, mas, até o momento, a mobilização está limitada. Além disso, o impacto das punições severas aplicadas na greve anterior dificulta a adesão atual.
As reivindicações dos caminhoneiros incluem estabilidade contratual, reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas, aposentadoria especial para quem comprovar 25 anos de trabalho com documentos fiscais, entre outras pautas históricas da categoria.
O movimento é liderado, entre outros, por Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, que protocolou formalmente uma pauta reivindicatória na Presidência da República, e conta com apoio jurídico do desembargador aposentado Sebastião Coelho, que também tem chamado para a paralisação via redes sociais. Coelho tem conexão com grupos políticos, em especial de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que tem gerado temor de uso político da greve.
Diante desse contexto, as entidades do DF esperam baixa adesão ao movimento, devido à divisão da categoria e à ausência de um processo decisório tradicional, como assembleias, que legitime a greve. Também há receios de que o movimento não priorize as demandas históricas dos caminhoneiros, mas seja usado para fins políticos, especialmente ligados a pedidos de anistia para participantes dos atos de 8 de janeiro e apoio ao ex-presidente Bolsonaro.
Os protestos planejados têm atraído a atenção da mídia e da sociedade, despertando discussões sobre as condições de trabalho dos caminhoneiros e suas demandas, que foram amplamente ignoradas nos últimos anos. No entanto, a falta de coesão entre as lideranças e a possível instrumentalização política da greve podem limitar seu impacto e eficácia.
Assim, a reação das entidades do DF é predominantemente de cautela e preocupação com a possibilidade de uma paralisação, mas também traz à tona questionamentos sobre a representatividade e a legitimidade do movimento anunciado para esta quinta-feira.
Com a aproximação da data da greve, observa-se um acirramento nas discussões entre os caminhoneiros e as autoridades, além de um aumento na cobertura da imprensa sobre o assunto, evidenciando a relevância do tema no cotidiano dos trabalhadores e na economia nacional.



