
O ex-presidente do Peru Martín Vizcarra foi condenado a 14 anos de prisão por corrupção. A sentença foi proferida nesta quarta-feira, 26, pela Justiça peruana, que o considerou culpado por receber subornos durante o período em que foi governador da região de Moquegua, no sul do país, há cerca de 11 anos. Segundo a decisão, Vizcarra teria condicionado a concessão de pareceres favoráveis a empresas em troca de dinheiro.
Vizcarra, de 62 anos, assistiu à leitura da sentença no tribunal de Lima e foi transferido para uma prisão especial para ex-presidentes, localizada dentro de uma base policial na zona leste da capital. Ele sempre se declarou inocente e afirmou, após a condenação, que a decisão é “vingança” e não justiça, afirmando que enfrentou o “pacto mafioso” e que não será silenciado.
O processo judicial contra Vizcarra faz parte de uma série de investigações de corrupção que têm atingido políticos peruanos nos últimos anos. Entre os fatores que contribuíram para a condenação do ex-presidente estavam os testemunhos de colaboradores e documentos que evidenciaram os pagamentos recebidos em troca de favores administrativos.
O Ministério Público havia pedido até 15 anos de prisão, mas a pena aplicada foi inferior ao solicitado. O julgamento teve início em outubro de 2024, e Vizcarra respondia em liberdade após ter sido detido por 22 dias este ano por suposto risco de fuga.
A condenação de Vizcarra acontece em um contexto político conturbado no Peru, onde a corrupção tem sido um tema recorrente. Os escândalos de corrupção envolvendo ex-presidentes, como Alan García e Pedro Pablo Kuczynski, têm gerado um clima de desconfiança em relação às instituições públicas e políticos. Vizcarra, por sua vez, chegou à presidência em um momento crítico, após a renúncia de Kuczynski em 2018, e se destacou inicialmente por adotar uma postura de combate à corrupção.
A decisão do tribunal também reabre debates sobre a eficácia da Justiça no Peru, que tem lutado para restabelecer a confiança popular diante de um histórico de corrupção que afetou diversos níveis do governo. Analistas apontam que a condenação de Vizcarra pode ser um sinal de que as autoridades estão mais comprometidas em responsabilizar líderes políticos, mas ainda há desafios significativos pela frente.
Durante o julgamento, a defesa de Vizcarra argumentou que ele era alvo de um processo injusto, alegando que as provas apresentadas eram insuficientes e que as investigações eram tendenciosas. Entretanto, o juiz responsável pelo caso declarou que as evidências eram contundentes o suficiente para fundamentar a condenação.
Agora, o ex-presidente planeja recorrer da decisão, esperando reverter a sentença em instâncias superiores. A condenação e a perspectiva de uma longa pena de prisão para Vizcarra destacam as tensões persistentes dentro do cenário político peruano e o impacto que a corrupção continua a ter na governança do país.
O caso de Martín Vizcarra poderá ter repercussões além do âmbito individual, influenciando possíveis questões eleitorais futuras e a percepção da população sobre a integridade dos próximos candidatos à presidência. O desfecho deste caso precisará ser acompanhado de perto, enquanto o Peru tenta encontrar um caminho estável para sua política e economia, atualmente afetadas por crises interligadas.



