
A crise da água em São Paulo, que se agravou em 2023, é marcada por níveis críticos dos reservatórios, especialmente do Sistema Cantareira, que abastece grande parte da Região Metropolitana. Até novembro de 2025, os mananciais operavam com cerca de 22% a 28,7% de sua capacidade, índices alarmantes que não eram vistos desde a grave crise hídrica de 2014-2015.
Causas
Entre as principais causas desta crise, destacam-se a ocorrência de secas prolongadas e chuvas insuficientes que persistem desde 2023, resultando em precipitações entre 40% e 50% abaixo da média nas áreas formadoras dos reservatórios. Além disso, o crescimento populacional, ainda que mais lento, continua a exigir uma quantidade crescente de água, enquanto a capacidade de produção ficou estagnada.
Outro fator crítico são as perdas hídricas nas redes de distribuição, que estão estimadas entre 22% e 30%. Essas perdas geram um desperdício significativo e demandam manutenção intensiva do sistema, apontando para problemas estruturais históricos que precisam ser enfrentados. A privatização da Sabesp, iniciada em 2024, trouxe preocupações quanto à eficiência e agilidade na gestão da crise, bem como o risco de cortes em manutenções preventivas em prol do lucro, de acordo com especialistas.
Impactos
A redução da pressão da água nas redes de abastecimento tem resultado em até 16 horas diárias de restrição em áreas da Grande São Paulo, impactando especialmente as regiões periféricas e mais altas, onde o acesso à água já é precário. Dessa forma, crescem as preocupações com um racionamento prolongado, exigindo a utilização do “volume morto” dos reservatórios, uma situação crítica semelhante à de 2014-2015.
Além disso, a população tem registrado reclamações frequentes sobre a falta de água, especialmente em horários noturnos, configurando o que especialistas chamam de institutionalização da crise hídrica.
Medidas Governamentais
Em resposta à crise, o governo estadual decretou um plano de contingência que prevê ações graduais, conforme a criticidade dos níveis de água. Entre as principais pausas estão a redução da pressão da água, o uso do volume morto e a implementação de rodízios no abastecimento. O plano inclui a criação de sete faixas de operação, que indicam as fases e ações necessárias, e prevê que as restrições sejam adotadas apenas após dias consecutivos em faixas críticas.
Adicionalmente, foram anunciados investimentos pela Sabesp para a execução de obras de resiliência, como novos sistemas de captação, estações de tratamento, reservatórios e estações de bombeamento, totalizando cerca de R$ 300 milhões até o final de 2025.
Comparação com anos anteriores
Ao comparar a situação atual com a crise de 2014-2015, observa-se que, embora a capacidade do Cantareira não tenha chegado aos 11% daquela época, os níveis atuais de 22% a 28% são preocupantes e ameaçam a estabilidade do abastecimento. A região ainda não conseguiu recuperar um padrão hídrico estável, e a tendência é de que a situação se agrave se as chuvas não se normalizarem.
Opiniões de Especialistas
Especialistas indicam que a crise atual é diferente da anterior, uma vez que a gestão da água está sob responsabilidade de uma empresa privatizada, o que pode impactar negativamente a priorização do investimento público em infraestrutura e manutenção. O modelo vigente de gestão, aliado à falta de manutenção adequada, compromete a universalização e a qualidade do abastecimento, especialmente das populações mais vulneráveis.
Pela ótica dos especialistas, é imprescindível que a resposta à crise envolva não apenas a gestão empresarial, mas um esforço coordenado que contemple políticas públicas robustas voltadas para a conservação da água, combate a desperdícios e investimentos na infraestrutura hídrica.
Em resumo, a crise da água em São Paulo nos anos de 2023 a 2025 é alarmante, impulsionada por condições climáticas adversas, crescimento populacional contínuo, deficiências na gestão existente e a recente privatização da Sabesp. Os desafios para o abastecimento da população metropolitana são profundos e exigem atenção imediata.