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Marcelo VIP: O Golpista que Encarnou Múltiplas Identidades e Deixou um Legado Polêmico

Marcelo VIP, nome verdadeiro Marcelo Nascimento da Rocha, foi um dos estelionatários mais notórios do Brasil, conhecido por suas fraudes audaciosas e sua habilidade em se passar por diversas pessoas influentes. Faleceu na terça-feira, 09 de outubro, aos 49 anos, em Curitiba, cidade que se torna símbolo de sua trajetória criminosa marcada por um enredo digno de um filme.

Nascido em Maringá, Paraná, Marcello começou sua vida de crimes ainda na adolescência, aos 14 anos, e rapidamente dominou a arte do estelionato. Ele se apresentou como dono de empresas, piloto de avião e até mesmo guitarrista de bandas consagradas, engabelando desde celebridades até autoridades, tornando-se uma figura lendária no submundo do crime. O golpista ficou conhecido nacionalmente entre as décadas de 1990 e 2000, quando seus feitos começaram a ser amplamente divulgados.

Um dos maiores golpes que ele aplicou foi em cima da companhia de aviação Gol, onde se apresentou como Henrique Constantino, um dos cofundadores da empresa. O alto nível de persuasão de VIP lhe permitiu fraudes que somavam milhões de reais, e sua habilidade de se infiltrar no círculo íntimo de figuras influentes lhe conferiu status. Ele chegou a ser tema de um documentário de 2010 e de um filme de ficção de 2011, onde foi interpretado por Wagner Moura, o que solidificou sua fama.

Marcelo VIP não apenas enganou o público; ele também manipula as autoridades. O golpista frequentemente se passava por policiais para burlar a lei e facilitava o contrabando aéreo de drogas. Ele chegou a criar manobras arriscadas, simulando voos perigosos para impressionar os narcotraficantes e convencer as agências reguladoras de sua suposta influência e poder. Essa vida de mentiras e crimes acabou levando a uma série de prisões ao longo de sua vida, resultando em uma condenação total de mais de 34 anos por estelionato, falsidade ideológica e tráfico de drogas.

O impacto de seus crimes na sociedade foi significativo, destacando-se a fragilidade das instituições e a facilidade com que uma pessoa pode manipular o sistema. Seu crescimento no crime foi alimentado por uma infância conturbada, onde a mudança para Curitiba serviu como um ponto de virada. A família de Marcelo, segundo relatos, perdeu o controle sobre ele durante sua juventude, permitindo o desenvolvimento de sua fachada criminosa.

Nos últimos anos, Marcelo VIP chegou a ser notícia novamente devido a sua série de prisões, mas seu histórico criminoso e a fama que acumulou o tornaram uma figura complexa e controversa. O relato de sua vida não se limita a relatos de crimes mas levanta questões sobre como a sociedade lida com figuras que desafiam as normas e a lei, desafiando a moralidade e a justiça.

A morte de Marcelo VIP deixa um legado paradoxo – ao mesmo tempo em que ele é visto como um criminoso, muitos o consideram uma figura de resistência que expôs falhas no sistema. Seu caso pode servir de estudo para futuras análises sobre a criminalidade e a atração que o mundo do crime exerce, especialmente sobre jovens vulneráveis.

O Brasil, que já enfrentou diversas facetas da criminalidade organizada, agora vê mais uma página virada com o falecimento de um de seus mais icônicos golpistas. A vida de Marcelo VIP ressoa como um lembrete da complexidade das relações humanas e a linha tênue entre o crime e o caos social.

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