
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs uma reunião entre os Poderes da República para debater medidas que visem o combate ao feminicídio no Brasil. Embora não tenha estabelecido uma data específica, Lula expressou seu desejo de que o encontro ocorra ainda até o final deste ano. A proposta surge em um contexto de crescente preocupação com a violência contra as mulheres, que, segundo o presidente, deve ser abordada de forma coletiva.
Durante suas declarações, o presidente enfatizou que o combate à violência contra as mulheres não é uma responsabilidade exclusiva delas, mas deve ser uma tarefa compartilhada, especialmente pelos homens. \”Combater o feminicídio, combater a violência, é uma tarefa das mulheres? Me perdoem, meus queridos homens, é uma responsabilidade nossa\”, afirmou, ressaltando que a mudança de comportamento deve partir dos homens. Em suas palavras, \”a verdade nua e crua é que a violência só tem um lado. Quem tem que mudar de comportamento não são as mulheres, são os homens\”.
A proposta de Lula ganha relevância à luz de casos recentes que chamaram a atenção da sociedade. Um dos episódios citados foi o incidente ocorrido em São Paulo no dia 29 de novembro, onde um homem chamado Douglas Alves da Silva atropelou e arrastou Tainara Souza Santos por aproximadamente um quilômetro, um ato que resultou na amputação de suas pernas. Outro caso alarmante mencionado foi o de um homem preso em flagrante no Recife, acusado de provocar um incêndio que resultou na morte de sua esposa grávida e de seus quatro filhos.
Essas tragédias impulsionaram Lula a afirmar que fará do combate à violência contra as mulheres uma de suas lutas políticas prioritárias. Para ele, a questão do feminicídio é profundamente enraizada em aspectos educacionais, devendo, portanto, ser abordada desde a base, nas escolas. O presidente ressaltou que é fundamental fazer a consciência da sociedade sobre a gravidade do problema e a necessidade de transformação na cultura que permissiviza a violência.
A proposta de uma reunião entre os Poderes envolve não apenas o Executivo, mas a participação do Legislativo e do Judiciário, buscando um esforço conjunto para a formulação de políticas públicas eficazes. Esse tipo de iniciativa é esperado por diversos setores da sociedade civil e movimentos de mulheres, que têm lutado por mais atenção e recursos destinados ao combate à violência de gênero.
A questão do feminicídio no Brasil é alarmante, com dados que indicam altos índices de violência contra as mulheres. O Estado de São Paulo, por exemplo, registrou um aumento significativo nos casos de feminicídio nos últimos anos, refletindo a necessidade de ações emergenciais. Estima-se que a cada dois dias, uma mulher seja assassinada no país por motivos de gênero, o que reforça a urgência da proposta de Lula.
O presidente concluiu suas declarações enfatizando a urgência e a importância da ação coletiva em torno do tema. \”É hora de agir\”, destacou, sublinhando que apenas a mobilização conjunta de diferentes esferas da sociedade poderá garantir um ambiente mais seguro e justo para todas as mulheres.



