POLÍTICA

Lideranças exigem que aplicativos assumam custos do mototáxi em São Paulo

Lideranças dos mototaxistas em São Paulo defendem que os aplicativos que oferecem serviços de mototáxi devem arcar com todas as taxas e custos regulatórios do funcionamento, sem repassar essas despesas aos trabalhadores. Essa posição surge em meio a uma recente aprovação da regulamentação do serviço pela Câmara Municipal, que estabelece exigências que muitos mototaxistas consideram excessivas.

O presidente do Sindicato dos Motociclistas de São Paulo (Sindimoto), Gilberto Almeida dos Santos, enfatiza que a regulamentação é positiva para a segurança dos usuários e dos próprios mototaxistas, mas critica a ideia de que os custos dessa regulamentação sejam transferidos aos profissionais. \”As empresas de aplicativos são multinacionais e possuem recursos financeiros suficientes para custear essas taxas\”, argumenta Santos.

Uma preocupação central levantada pelos mototaxistas é que o projeto de lei que regulamente o serviço impõe altas taxas e uma burocracia que poderia inviabilizar a atividade para muitos trabalhadores. Jr. Freitas, outro líder do movimento, classifica a proposta como uma forma indireta de proibição do serviço. Segundo Freitas, se as taxas forem repassadas aos mototaxistas, muitos poderão ser forçados a abandonar a profissão.

A recente aprovação do projeto de lei pela Câmara Municipal traz novas regras que incluem o cadastro do condutor, exigência de veículos com placa vermelha e a obrigatoriedade de contratação de seguro pelas empresas. De acordo com os defensores da regulamentação, essas medidas visam aumentar a segurança no trânsito e a proteção dos usuários, bem como garantir direitos aos mototaxistas. No entanto, as plataformas digitais de mototáxi, representadas pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), afirmam que as exigências são inviáveis e classificam as regras como inconstitucionais, por restringirem severamente a operação do serviço.

Desde o início deste ano, a prefeitura de São Paulo e as principais plataformas de aplicativos, como Uber e 99, enfrentam uma disputa judicial sobre a legalidade e as condições de operação do mototáxi na capital. Em sua defesa, o Executivo municipal justifica as regulamentações como necessárias para assegurar a segurança pública e a organização do transporte na cidade.

Adicionalmente, os mototaxistas se dividem sobre os impactos desta legislação em suas vidas profissionais. Para alguns, a regulamentação poderia trazer benefícios em termos de proteção e reconhecimento, enquanto outros veem um aumento dos custos como uma ameaça direta à sobrevivência da profissão, que já é marcada por uma intensa concorrência e riscos diários aos trabalhadores.

As tensões entre aplicativos, prefeitura e mototaxistas seguem altas, com protestos e manifestações ocorrendo em várias partes da cidade. Muitos profissionais afirmam que as mobilizações são necessárias para garantir que seus direitos sejam respeitados e que a voz dos trabalhadores seja ouvida nas discussões sobre a regulamentação do mototáxi.

No entanto, a cidade de São Paulo, reconhecida por seu trânsito caótico e sua forte necessidade de alternativas de transporte, continua a depender dos serviços de mototáxi. Assim, espera-se que um consenso sobre as regras e custos do serviço possa ser alcançado, equilibrando a rentabilidade das plataformas digitais e a sustentabilidade da profissão dos mototaxistas.

Em conclusão, a luta dos mototaxistas em São Paulo é um reflexo de um debate mais amplo sobre a regulamentação de serviços de transporte por aplicativo. Com o avanço das legislações e a pressão por segurança e direitos trabalhistas, o futuro do mototáxi na capital paulista ainda permanece incerto, mas segue na vanguarda das discussões sobre mobilidade urbana.

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