
Um funcionário de uma indústria de metais em Cláudio, no Centro-Oeste de Minas Gerais, foi absolvido em primeira instância pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) pela morte de seu patrão durante uma confraternização de fim de ano.
Eliandro Bastos, de 36 anos, foi absolvido da acusação de matar o empresário Kerli Fabrício durante a confraternização realizada em dezembro de 2024. O crime ocorreu na sede da empresa, localizada no bairro Angelina Quirino, após uma discussão entre os dois.
A discussão teve origem quando Kerli informou a Eliandro que ele seria demitido por ser considerado um \”funcionário muito caro\”. Segundo a defesa, a tensão escalou até o ponto em que Eliandro quebrou uma garrafa de vinho no chão. Os ânimos se exaltaram e, já na portaria social da empresa, Eliandro desferiu três facadas no empresário. Kerli foi socorrido, mas não resistiu e morreu no Pronto Atendimento Municipal.
A absolvição foi fundamentada na alegação de legítima defesa. De acordo com a defesa, Eliandro estava trancado dentro da empresa pelo patrão após a confraternização, conseguiu sair correndo do local, foi alcançado pelo patrão do lado de fora e arrastado até a porta da empresa, onde ocorreram as facadas. Eliandro alegou ter pego uma faca que já estava no local e a escondido para se proteger.
O processo tramita em segredo de Justiça, portanto os detalhes específicos da decisão não foram divulgados publicamente. Tanto o Ministério Público de Minas Gerais quanto a defesa se manifestaram pela absolvição. O advogado Pedro Henrique Oliveira Bispo, que representa Eliandro, afirmou que acredita que o entendimento \”será mantido em 2ª instância\”.
Este caso levanta questões sobre a dinâmica de poder dentro das relações de trabalho e as consequências que podem surgir durante momentos festivos que, em teoria, deveriam reforçar vínculos entre funcionários e patrões. A dificuldade em equilibrar a formalidade do ambiente de trabalho com a informalidade de um evento social pode, em certos casos, levar a situações extremas que fogem do controle.
Os desdobramentos do caso devem ser acompanhados não apenas pela comunidade local, mas também por profissionais de Recursos Humanos e especialistas em direito trabalhista. A discussão sobre a legitimidade da defesa em situações de conflito no âmbito profissional é cada vez mais pertinente, especialmente em contextos onde as relações interpessoais são testadas por pressão e estresse.
A sociedade se vê não apenas diante da análise de um caso criminal, mas também da reflexão sobre as relações de trabalho e os espaços onde a convivência deve ser harmoniosa e respeitosa.
As instituições jurídicas e sociais terão pela frente o desafio de lidar com casos semelhantes, assegurando um ambiente de trabalho que priorize a segurança e o respeito mútuo, evitando que celebrações se transformem em tragédias.



