
O Brasil possui um expressivo potencial geológico para minerais críticos, detendo aproximadamente 10% das reservas mundiais desses recursos essenciais. Esses minerais, que incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, são fundamentais para a tecnologia contemporânea, defesa e a transição energética global. Tal constatação é resultado de um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), utilizando dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Apesar de suas vastas reservas, que compreendem, por exemplo, 19% das reservas mundiais de terras raras e volumes significativos de grafita, manganês, níquel e bauxita, o Brasil atualmente apresenta uma participação modesta na cadeia global de produção desses minerais. O país ainda está atrás de líderes reconhecidos, como Austrália, China, África do Sul e Chile, que dominam a produção e o refino dessas substâncias.
Uma das principais barreiras para a exploração econômica do potencial mineral brasileiro reside em desafios como incertezas regulatórias, escassez de investimentos em pesquisa e infraestrutura, além de limitações na capacidade da indústria de transformação mineral. A necessidade de uma modernização das políticas regulatórias e logísticas se faz urgente para que o Brasil possa alavancar sua posição no cenário internacional.
Nos últimos anos, contudo, observou-se um aumento dos investimentos em pesquisa geológica e na infraestrutura da mineração, o que indica um possível novo ciclo de expansão no setor. Esses investimentos são percebidos como um sinal esperançoso para a melhoria da competitividade brasileira no mercado global de minerais críticos. As iniciativas recentes buscam, ainda, estabelecer canais de diálogo entre o governo e a indústria mineral, criando um ambiente mais favorável ao desenvolvimento do setor.
De acordo com o estudo do Ipea, o fortalecimento do setor de mineração seria vital não apenas para a economia brasileira, mas também para garantir segurança em termos de abastecimento de matérias-primas essenciais. A dependência de minerais críticos, especialmente quando considerando a crescente demanda em tecnologias limpas e digitalização, torna o Brasil um jogador estratégico, desde que consiga superar suas limitações atuais.
Além do mais, a diversificação de fornecedores e a redução da dependência de outros países são questões que permeiam o debate sobre a operação mineral brasileira. Comprove-se que, embora o Brasil tenha potencial superior, a transformação dessa riqueza geológica em produção econômica robusta exigirá uma visão de longo prazo e uma abordagem integrada que abarque a sustentabilidade ambiental, a inovação tecnológica e a inclusão social.
Em resumo, o Brasil se destaca como uma potência geológica com um promissor futuro no setor de minerais críticos, essenciais para as tecnologias do futuro. No entanto, para que esse potencial se torne uma realidade operacional no mercado internacional, é necessário consolidar os investimentos, reformas e a modernização do arcabouço regulatório do setor mineral.
Conforme reforçado pelo Ipea, o sucesso do Brasil nesta área é não apenas desejável, mas necessário, considerando a crescente relevância das questões ecológicas e sociais na mineração global e a necessidade de um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo.



