
No mundo digital atual, as palavras que usamos nas redes sociais nem sempre são inofensivas. Embora não exista uma lista oficial e pública de termos proibidos na internet, plataformas como TikTok, Meta e YouTube aplicam algoritmos que restringem o alcance, ocultam ou até removem conteúdos que contenham certas palavras consideradas sensíveis ou que violem suas políticas internas.
Esse fenômeno dá origem ao conceito de “algospeak”, uma linguagem codificada que os usuários adotam para contornar a censura invisível imposta pelos algoritmos. Assim, muitas vezes, palavras e expressões que parecem comuns podem resultar em consequências não tão evidentes para a visibilidade de um conteúdo.
Entre os termos que frequentemente enfrentam restrições, encontramos palavras associadas a grupos marginalizados, temas políticos polêmicos, sexualidade, e questões de saúde mental. Um exemplo notável é o uso de eufemismos ou apelidos, como “Homem da Ilha” para se referir a Jeffrey Epstein, que visam evitar penalizações automáticas e garantir que os conteúdos atinjam um público mais amplo.
Além de evitar certas palavras, muitos usuários lidam com o que os especialistas chamam de “iscas de raiva” (*rage bait*), que têm como objetivo provocar emoções intensas para aumentar o engajamento. O termo foi eleito palavra do ano em 2025, destacando a atenção crescente que essas táticas manipulativas geram na comunicação online.
A autonomia dos usuários em reinventar seu vocabulário não é apenas uma maneira de escapar da censura, mas também reflete uma resistência às regras muitas vezes obscuras que governam as plataformas digitais. Essas regras, embora não explicitamente divulgadas, são responsáveis por moldar quais conteúdos são promovidos e quais são silenciados.
Embora as plataformas afirmem não ter uma lista rígida de palavras proibidas, a realidade é que o uso de determinados termos pode, de fato, resultar na desmonetização de posts, menor engajamento, ou até penalizações severas para contas que os utilizam. Portanto, a ausência de palavras explicitamente banidas contribui para um ambiente de constante autocensura, onde a criatividade da linguagem se torna uma necessidade para a sobrevivência digital.
Dessa forma, pode-se afirmar que as palavras que “você não pode dizer” na internet não são claramente definidas, mas se referem a qualquer termo ou conceito que pode resultar em restrições algorítmicas. Em um espaço cada vez mais controlado e monitorado, a forma como comunicamos e interagimos precisa ser adaptável, criativa e estratégica.
Assim, diante da complexidade do cenário das redes sociais, a criatividade e inovação linguística surgem como ferramentas fundamentais para assegurar que vozes diversas sejam ouvidas, mesmo em meio a um sistema que pode silenciá-las.



