SAÚDE

Brasil Prosegue nas Negociações para Inclusão da PrEP Injetável de Longa Duração no SUS

O Brasil pretende insistir na negociação para incorporar a PrEP injetável de longa duração contra o HIV no Sistema Único de Saúde (SUS), buscando ampliar o acesso para além do setor privado, onde o medicamento já está disponível desde agosto de 2025. O cabotegravir, administrado a cada dois meses, representa uma potencial revolução na prevenção por facilitar a adesão, especialmente para grupos vulneráveis que têm dificuldade com a PrEP oral diária.

Atualmente, o SUS oferece apenas a PrEP oral, que exige uso diário e enfrenta barreiras como estigma e esquecimentos, apesar de mais de 130 mil pessoas usarem essa modalidade. O cabotegravir injetável, comercializado como Apretude, mostrou em estudos brasileiros (ImPrEP CAB) eficácia superior, com adesão de 95% frente a 58% na forma oral e nenhum caso de infecção no grupo injetável durante o acompanhamento.

No entanto, um desafio relevante para sua inclusão pública é o alto custo da injeção, que gira em torno de R$ 4 mil por dose, limitando assim o acesso imediato somente à rede privada. O Ministério da Saúde e a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) avaliam a sua incorporação, inclusive com discussões sobre a quebra de patente para baratear o acesso à PrEP injetável, além de analisar o lenacapavir — outra medicação injetável de longa duração ainda sem registro no país.

A expectativa é que, adotado em larga escala no SUS, o cabotegravir possa prevenir até 385 mil casos de HIV nas próximas décadas, proporcionando economias significativas em tratamento. Esta estratégia faz parte de um esforço global e nacional para conter o aumento dos casos de HIV, já que o Brasil registrou cerca de 46,5 mil novos diagnósticos em 2023, com projeção de até 600 mil novos casos até 2033.

A implementação da PrEP injetável poderá representar uma mudança de paradigma no combate ao HIV/AIDS, oferecendo uma alternativa mais acessível e eficaz para a população suscetível. A ampliação do acesso a esse medicamento é vista como um passo crucial para reduzir a incidência do vírus e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida de milhares de brasileiros.

Neste contexto, a mobilização de políticas públicas que garantam o acesso ao cabotegravir se torna essencial. Além disso, campanhas educacionais devem ser lançadas para diminuir o estigma relacionado ao uso de PrEP e aumentar a conscientização sobre as maneiras de prevenir a infecção pelo HIV.

Um acompanhamento contínuo e avaliações periódicas da eficácia da PrEP injetável serão fundamentais para garantir que os objetivos de saúde pública sejam alcançados. A combinação dos esforços do governo, da sociedade civil e de organizações de saúde é vital para a implementação bem-sucedida desta nova forma de prevenção no Brasil.

Com a perspectiva de que a PrEP injetável possa ser incorporada ao SUS, espera-se que o Brasil se posicione como um líder regional no combate ao HIV, renovando suas metas e estratégias de saúde pública em conformidade com as diretrizes globais estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde.

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