
O Acordo de Paris, adotado em 12 de dezembro de 2015 durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), completa uma década em 2025. Este tratado internacional, que envolve 195 nações, estabeleceu um marco histórico para a ação climática global. No entanto, à medida que o décimo aniversário se aproxima, especialistas e líderes mundiais emitem alertas contundentes sobre a insuficiência das metas atuais para conter o aquecimento global a 1,5 °C.
Desde a sua adoção, houve avanços significativos nas projeções de aquecimento, com estimativas que passaram de um possível aumento de 4 °C para cerca de 2,5 °C. Contudo, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) – compromissos de redução de emissões que cada país deve aceitar – continuam inadequadas para alcançar os objetivos propostos. Segundo estudos recentes, se a dependência global de combustíveis fósseis permanecer inalterada, as emissões globais poderão continuar a crescer até 2035.
No que diz respeito ao contexto e aos avanços proporcionados pelo Acordo, o tratado exige que as nações implementem ações significativas para desacelerar a crise climática. Isso inclui revisões periódicas das NDCs, com o intuito de aumentar a ambição e, assim, garantir um caminho mais seguro para o futuro ambiental do planeta. Líderes da próxima Conferência do Clima, a COP30, como o embaixador André Corrêa do Lago, reconhecem o papel importante que o acordo desempenhou ao destravar ações climáticas, mas reafirmam a necessidade urgente de uma maior redução nas emissões de gases de efeito estufa.
No panorama atual, as projeções científicas indicam uma redução máxima de apenas 3 % nas emissões até 2030, um número alarmantemente distante dos 60 % necessários até 2035 para alcançar o limite de 1,5 °C. As Nações Unidas estão alertando que, sem um aumento na ambição e na aceleração das ações, esse limite crítico será ultrapassado, resultando em consequências climáticas severas.
Em um contexto descrito por alguns como de “pouca celebração”, as evidências das mudanças climáticas continuam a se manifestar de forma intensa. Sem um plano que envolva um fim gradual da exploração de petróleo e gás, a meta de neutralidade de carbono até 2050 parece cada vez mais inalcançável. No entanto, vale destacar algumas iniciativas positivas, como a nova estratégia da França, que visa zerar suas emissões de carbono até 2050, servindo como um modelo potencial para outros países.
Organizações como o World Resources Institute (WRI) Brasil e a COP30 têm promovido sessões temáticas com o objetivo de refletir sobre as NDCs e fomentar ações mais robustas. Os resultados dessas iniciativas mostram um consenso sobre o impacto positivo inicial do Acordo de Paris, mas também evidenciam um campo de divergências em relação ao otimismo: enquanto fontes oficiais celebram o marco, análises independentes insistem na urgência de ações climáticas mais efetivas.
À medida que o Acordo de Paris se aproxima de seu décimo aniversário, a comunidade internacional enfrenta um dilema crítico: a celebração dos avanços realizados deve ser acompanhada por um compromisso renovado para enfrentar as realidades alarmantes das mudanças climáticas. O futuro do nosso planeta depende da capacidade coletiva de transformar promessas em ações concretas e efetivas.



