POLÍTICA

Quando não faltou lucidez ao general que se diz esquecido

A expressão \”quando não faltou lucidez ao general que se diz esquecido\” refere-se ao Marechal José Sotero de Menezes, um proeminente militar brasileiro cuja vida e contribuições foram gradualmente ausentadas da memória coletiva e institucional do Exército Brasileiro. Mesmo desempenhando um papel crucial em momentos decisivos da história militar do Brasil, sua trajetória carece do reconhecimento merecido.

José Sotero de Menezes destacou-se em importantes conflitos, como o bombardeio da Bahia e a Guerra de Canudos. Sua dedicação e habilidade militar o tornaram uma figura respeitada entre seus pares, mas, surpreendentemente, a documentação, os uniformes e as condecorações que deveriam lembrar seu serviço praticamente desapareceram do Exército, evidenciando um fenômeno de \”esquecimento\”. Este processo de putrefação da memória institucional reflete uma escolha deliberada ou um descuido estratégico dentro da história militar brasileira.

Pesquisadores apontam que o ostracismo de Sotero de Menezes não é um caso isolado, mas sim um reflexo das complexidades políticas que permeiam a história militar no Brasil. Em contraste com figuras como o Marechal Caxias, que conquistou um legado repleto de honras e reconhecimento, Sotero parece ser uma vítima de uma narrativa que privilegia alguns em detrimento de outros. Enquanto Caxias foi objeto de uma reinvenção histórica que elevou seu status, Sotero, por sua vez, foi relegado ao esquecimento.

Além disso, Sotero de Menezes é frequentemente comparado a outras personalidades militares que, apesar de atuações significativas, não conseguiram garantir um espaço consolidado na história lembrada. Essa discrepância levanta questões sobre como as memórias são formadas e quem realmente merece ser lembrado na narrativa histórica. Sua trajetória revela não apenas a importância de sua contribuição pessoal, mas também as falhas de um sistema que deixa de lado aqueles que podem não se encaixar nos moldes pré-estabelecidos de heroísmo ou serviço.

Recentemente, historiadores e estudiosos têm iniciado um movimento para reviver a memória de Sotero, buscando documentos, relatos e testemunhos que possam ajudar a iluminar sua vida e obra. Essa busca pela memória é fundamental não apenas para restaurar o legado deste general, mas também para uma compreensão mais ampla e inclusiva da história militar brasileira, onde muitos outros personagens permanecem na penumbra.

Em contraste, o general Apollo Miguel Rezk, outro destacado oficial brasileiro, é amplamente reconhecido e celebrado por sua bravura durante a Segunda Guerra Mundial. Rezk é conhecido por ser um dos mais condecorados da Força Expedicionária Brasileira. Enquanto Sotero foi esquecido, Rezk viveu um reconhecimento reiterado, o que suscita questionamentos sobre os critérios que definem a memória e o reconhecimento histórico no Brasil.

A lucidez do \”general que se diz esquecido\”, neste caso, reside na sua habilidade de perceber e, talvez, refletir sobre sua própria história, mesmo quando ela foi negligenciada institucionalmente. O desafio atual consiste em restaurar essa história e assegurar que contribuições significativas como a de Sotero de Menezes não sejam apagadas, mas sim celebradas e integradas nas narrativas históricas que moldam o entendimento coletivo do papel dos militares na construção do Brasil.

Concluindo, o resgate da memória de figuras como José Sotero de Menezes é crucial para um entendimento mais plural da história militar brasileira. Ao olhar para o passado, é essencial que a sociedade valorize e reconheça as contribuições de todos aqueles que, independentemente de seu reconhecimento, desempenharam papéis fundamentais em momentos decisivos. A busca pela verdade histórica é, portanto, indispensável para a construção de um futuro que respeite e dignifique a memória de todos os que serviram ao país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo