
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem adotado uma estratégia clara e focada em fortalecer a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). Desde que o nome de Messias foi anunciado, em 20 de novembro de 2025, a administração tem priorizado a liberação de emendas de bancadas, principalmente aquelas referentes aos estados do Amapá e do Maranhão, que são bases políticas significativas para os senadores Davi Alcolumbre e Weverton Rocha, respectivamente.
A liberação dessas emendas tem se tornado um instrumento-chave na busca por apoio parlamentar. Até o momento, cerca de R$ 807 milhões já foram destinados a emendas parlamentares, sendo que R$ 699 milhões, ou 86,57% do total, foram direcionados a emendas de bancadas e comissões. Essa modalidade de emenda, por não apresentar autoria individual, permite um controle político mais flexível, facilitando a busca por consenso entre os legisladores.
O Amapá e o Maranhão, estados que receberam a maior parte dos recursos, destacam-se na estratégia de Lula. Juntos, esses estados acumularam aproximadamente 22,9% do total das emendas liberadas, evidenciando a importância das lideranças regionais para o governo federal. A escolha dessas bancadas não é aleatória; ela reflete uma tentativa de estabilizar o apoio político em um momento de crescente rivalidade entre o Executivo e Legislativo, especialmente em relação ao STF.
Ademais, o governo não tem se limitado às emendas de bancada. Emendas de relator, conhecidas como RP9, também foram utilizadas, embora em menor quantidade, totalizando cerca de R$ 3,9 milhões. Essa manobra demonstra uma tentativa de assegurar o respaldo do senador Weverton Rocha, que tem a incumbência de relatar a indicação de Messias ao STF (Gazeta do Povo).
No entanto, a estratégia de aliança tem suas dificuldades. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que exerce uma significativa influência sobre o processo de aprovação no legislativo, já havia demonstrado resistência à indicação de Messias, preferindo considerar Rodrigo Pacheco como a melhor escolha para compor o STF. Essa tensão evidencia um jogo de forças dentro do Senado, onde o apoio político e a distribuição de recursos se tornaram moeda de troca fundamental.
Os embates políticos em torno da indiciação de Messias revelam não apenas a fragilidade das alianças partidárias, mas também a importância das emendas como ferramenta de persuasão. O governo brasileiro, sob a liderança de Lula, parece determinado a utilizar esse recurso para garantir que a indicação de Messias seja aprovada, mesmo enfrentando diversas barreiras no caminho.
Ademais, essa movimentação é observada com cautela, uma vez que o uso de emendas para consolidar apoio político pode ser interpretado como uma forma de \”comprar\” respaldo, levantando questões éticas sobre a prática. Assim, à medida que se aproxima a votação sobre a indicação de Messias, a atenção voltada para as dinâmicas políticas do Senado só tende a aumentar.
As próximas semanas serão cruciais para a definição do futuro político de Jorge Messias e para as relações entre os poderes Executivo e Legislativo no Brasil. Com um embate tão acirrado em jogo, a capacidade do governo Lula de mobilizar apoio e garantir a aprovação de sua indicação será testada em sua plenitude.



