
Jair Bolsonaro optou por Flávio Bolsonaro em vez de Tarcísio de Freitas como candidato à presidência pelo PL nas eleições de 2026, em uma decisão que reflete uma combinação de fatores familiares, estratégicos e políticos. Esta escolha revela tanto a lógica interna do bolsonarismo quanto a realidade jurídica enfrentada pelo ex-presidente.
1. Controle familiar e sucessão política
Com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, devido a condenações no STF e TSE, a disputa pela representação do seu legado tornou-se prioritária. Ao escolher seu filho Flávio, Bolsonaro busca:
- Fidelidade absoluta: Flávio é visto como alguém mais alinhado com as ideologias e políticas do pai, garantindo a continuidade de sua linha política.
- Continuidade do projeto familiar: A escolha fortalece a ideia da família Bolsonaro como um polo permanente da direita brasileira, sem a necessidade de depender de aliados externos.
2. Desconfiança em relação a Tarcísio
Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, é um candidato com um perfil técnico, mais voltado para a gestão e com apelo a eleitores moderados e ao Centrão. Contudo, esse perfil também gera desconforto entre os bolsonaristas:
- Falta de identificação com a base: Tarcísio não é considerado um dos \”soldados\” do bolsonarismo, o que dificulta a aceitação de sua candidatura como a \”herdeira legítima\” do movimento.
- Risca de descolamento: Existe o temor de que uma candidatura mais moderada distancie Tarcísio do núcleo duro do bolsonarismo, resultando em possíveis negociações com o centro ou com o próprio campo de Lula.
3. Momento político e vácuo na direita
Fontes apontam que a família Bolsonaro percebeu um vácuo na direita, o que fez com que decidissem imediatamente por um nome representativo:
- Com a situação jurídica do ex-presidente, a urgência em consolidar uma candidatura bolsonarista se tornou evidente.
- Flávio, apesar de sua rejeição em algumas esferas, tem potencial para mobilizar o eleitorado bolsonarista de uma maneira que Tarcísio não conseguiria.
4. Cálculo eleitoral: polarização com Lula
Há uma avaliação, inclusive em setores do governo Lula, de que a melhor concorrência seria um nome da família Bolsonaro:
- Essa estratégia se refere à repetição da polarização que foi marcada nas eleições de 2022, onde Lula se enfrentava a um candidato do clã Bolsonaro.
- Optar por Flávio pode manter essa polarização e facilitar a mobilização da base petista em vez de contornar um candidato mais abrangente como Tarcísio, que poderia atrair eleitores \”pêndulo\”.
5. Pressão interna e disputa de poder
Dentro do PL e do bolsonarismo, há uma disputa acirrada sobre quem deve ser o verdadeiro herdeiro político:
- Flávio já esteve em posição de representar o pai enquanto Jair estava preso, reforçando seu papel como interlocutor direto.
- Essa escolha também serve para neutralizar outras ambições, como a de Eduardo Bolsonaro, que se manifestou recentemente em apoio ao irmão.
Em resumo:
A escolha de Flávio Bolsonaro em vez de Tarcísio de Freitas resulta de uma série de considerações que incluem a manutenção do controle do legado familiar, a necessidade de um candidato que represente fielmente o bolsonarismo, a intenção de polarizar com Lula e as dinâmicas internas do PL. Tarcísio, embora possua um perfil técnico e moderado, não se alinha completamente às expectativas do núcleo bolsonarista, confirmando a estratégia do ex-presidente em apostar em Flávio como o candidato à presidência.



